sexta-feira, setembro 13, 2002

da série "cole aqui o texto dos outros", vai mais um... esse é do rafa merel sobre o showzito dos imãos rocha! aqui em sampa. aí vai:

Nevermind the Bollocks. Here's the Rock Brothers!

A festa de lançamento da Revista Frente foi a legítima festa estranha com gente esquisita. Começa que um cara chamado Mário (conhece?) estava fazendo aniversário lá. Não bastasse isso, todos os convidados do cara usavam aqueles chapeuzinhos de festa infantil. Conseguiu imaginar? Foi nesse clima que eu cheguei ao Gryzoo. E posso garantir: o lugar não era muito melhor do que o nome. Era ali que Irmãos Rocha! e Violeta de Outono se apresentariam. Mas, convem lembrar, juntar essas duas bandas não é exatamente uma coisa harmônica, tipo Ying e Yang ou O Gordo e o Magro. Estava mais para uma coisa tipo matéria e anti-matéria. Ou, no caso, rock progressivo e regressivo. Foi o que aconteceu. Não vou me prolongar muito com o show do Violeta, porque eles fizeram isso no palco e foi um saco. Veja bem, eles não tocam mal. Pelo contrário. Mas algumas garrafas de cerveja não foram o suficiente para me deixar emocionar com um cover de Pink Floyd ou com solos longos e viajandões. Eu não estava ali para isso. O que nos leva finalmente a um dos shows mais esperado do ano. (Esperado mesmo, começou quase as 3 da manhã). Os Irmãos Rocha! É importante dizer que não foi todo mundo que teve a disposição de esperar até aquela hora para ver o show. Muitas pessoas foram para casa dormir. Outras dormiram ali mesmo, atiradas nos sofás. Mas o sono deles não ia durar muito. O ambiente sem palco era como se estivesse lembrando a gente que não tinha nada que distingüisse a platéia dos músicos. Como se qualquer um pudesse chegar ali, pegar um instrumento e sair tocando. Mais ou menos como mandam os manuais do punk e do rock regressivo. E do meio da multidão vieram aqueles quatro seres de preto. Era hora de começar mais uma sessão de rock e gargalhadas. Os Irmãos Rocha! continuam naquele estilo “mais vontade que talento”. Mas agora incluiram um novo ingrediente ao som: ensaio. Sim, no meio de toda aquela barulheira dava pra ver que tudo estava bem ensaiado. Todo mundo começava e acabava as músicas juntos, faziam as paradas e, via de regra dava pra notar que todos estavam tocando a mesma música. Acredite se quiser: ao vivo elas são ainda mais rápidas. Hits já consagrados como Ugabugababy, Suicídio na Calçada e Meteoro 37 se juntaram a covers de Cramps, Ramones e até algumas músicas inéditas como Pechada. Uma letra que ganha duplo sentido para o público paulistano que acha que se trata de uma refeição a base de peixe. O problema é que, se não era a maior parte, pelo menos a parte mais barulhenta era constituíuda de gaúchos. E o pior tipo de gaúchos: os conhecidos. Isso fez com que o show ganhasse ares de piada interna, como gritar “Toca Raul!” sabendo que o baterista da banda é o próprio. Talvez por isso o baixista, band leader e, bem, meu irmão, o Bel, estivesse tão à vontade nos discursos e piadas entre as músicas. Se o rock tem a ver com diversão, então talvez os Irmãos Rocha estejam mesmo salvando ele a pauladas.